Conceição Evaristo

Conceição Evaristo. Foto: Lis Pedreira

Toda mulher negra brasileira é uma heroína, mas, neste caso, Conceição Evaristo se torna um ícone, pois sua imagem e trajetória de vida formam um exemplo para todas as mulheres negras neste país.

Conceição Evaristo. Foto: Joana Berwanger/Sul21

Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, em 1946. De origem humilde, migrou para o Rio de Janeiro na década de 1970. Graduada em Letras pela UFRJ, trabalhou como professora da rede pública de ensino da capital fluminense. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade (1996), e Doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense, com a tese Poemas malungos, cânticos irmãos (2011), na qual estuda as obras poéticas dos afro-brasileiros Nei Lopes e Edimilson de Almeida Pereira em confronto com a do angolano Agostinho Neto.

Participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país, estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros. Escritora versátil, cultiva a poesia, a ficção e o ensaio. Desde então, seus textos vêm angariando cada vez mais leitores. A escritora participa de publicações na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Seus contos vêm sendo estudados em universidades brasileiras e do exterior, tendo, inclusive, sido objeto da tese de doutorado de Maria Aparecida Andrade Salgueiro, publicada em livro em 2004, que faz um estudo comparativo da autora com a americana Alice Walker. Em 2003, publicou o romance Ponciá Vicêncio, pela Editora Mazza, de Belo Horizonte.

Minha mãe leu e se identificou tanto com o Quarto de Despejo, de Carolina, que igualmente escreveu um diário, anos mais tarde. Guardo comigo esses escritos e tenho como provar em alguma pesquisa futura que a favelada do Canindé criou uma tradição literária. Outra favelada de Belo Horizonte seguiu o caminho de uma escrita inaugurada por Carolina e escreveu também sob a forma de diário, a miséria do cotidiano enfrentada por ela.
— Conceição Evaristo

A carreira

Seus primeiros textos foram lançados na série Cadernos Negros, publicações idealizadas por um grupo de escritores e escritoras negras em São Paulo. Posteriormente essas publicações foram receberam o nome de Quilombhoje.

Algumas das suas obras já foram traduzidas para o francês. Em 2018 venceu o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais.

Temas recorrentes em suas obras são a força feminina, principalmente da mulher negra, a investigação familiar e ancestral, a memória, desigualdades sociais e opressões contra a mulher e a conta a população negra.

Conceição Evaristo. Foto: Dani Dacorso

Principais Obras

  • Ponciá Vicêncio, 2003 (romance)

  • Becos da Memória, 2006 (romance)

  • Poemas da recordação e outros movimentos, 2008 (poesia)

  • Insubmissas lágrimas de mulheres, 2011 (contos)

  • Olhos d’água,  2014 (contos)

  • Histórias de leves enganos e parecenças, 2016 (contos e novela)

  • Canção para ninar menino grande, 2018 (romance)

Prêmios

  • Prêmio Jabuti de Literatura, 2015

  • Faz a Diferença - Categoria Prosa, 2017

  • Prêmio Cláudia - Categoria Cultura, 2017

  • Prêmio de Literatura do Governo do Estado de Minas Gerais, 2017

  • Prêmio Bravo (revista) com Destaque, 2017.


Após não ser eleita no pleito que concorreu em 2018, Conceição fala sobre a ABL:

Não sei se me candidataria de novo. Pela maneira que ocorreu e pela relação com a Academia, talvez queiram que eu seja a última pessoa a se candidatar. Não estou negando, mas não vejo uma possibilidade nisso. E falo sem modéstia alguma: quem perdeu não fui eu. A minha candidatura, de certa forma, escancarou que alguma coisa precisa ser revista na Academia. Talvez o próprio processo de eleição. Talvez a Academia precise acompanhar mais esse espírito do tempo, pensar mais nessa amplitude e nessa diversidade da literatura brasileira. Então, eu não perdi. E talvez a Academia tenha perdido um grande momento de ser democrática, assim como perdeu esse momento quando o Daniel Munduruku não foi eleito.
— Conceição Evaristo
 

Roda Viva | Conceição Evaristo

 

Conceição Evaristo e Brown trocam uma ideia sobre o movimento negro, autoras negras no Brasil e o cotidiano que inspira a “escrivivência”.

Referências

Conceição Evaristo. eBiografia, 21/06/23. Disponível em: https://www.ebiografia.com/conceicao_evaristo/. Acesso em: 06/06/2023.

Conceição Evaristo. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/188-conceicao-evaristo. Acesso em: 06/06/2023.

DORALI, Ivana. Conceição Evaristo: imortalidade além de um título. Revista Periferias, jul.2018. Disponível em: https://revistaperiferias.org/materia/conceicao-evaristo-imortalidade-alem-de-um-titulo/. Acesso em: 30/06/2023.

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Carlos Ferreira

Dedicado a organizar e transformar dados em informações. Desde a infância, conectou-se com a história afro-brasileira por influência familiar e ampliou essa conexão através de pesquisas e experiências com o samba.

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