Machado de Assis

 

Joaquim Maria Machado de Assis, ultrapassou as barreiras raciais e se tornou um dos maiores nomes da literatura nacional, sendo, inclusive, fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Mal frequentou escolas, devido a cor da sua pele, mas como autodidata superou as dificuldades e conseguiu ascender socialmente.


 

Vivendo no contexto de difusão do ceticismo e das teorias científicas de que os negros seriam atrasados e inferiores aos brancos, ele conseguiu derrubar mais um preconceito vinculado à teoria de superioridade racial através do brilhantismo do seu intelecto.

Em sua atuação na administração pública, lutou contra a escravidão, buscando alargar a Lei do Ventre Livre, de 1871, para que ela, de fato, conseguisse beneficiar os escravos.

Nascido no berço de uma família pobre carioca, o futuro grande escritor precisou trabalhar cedo e foi um autodidata. Um dos seus primeiros empregos foi como aprendiz de tipógrafo. Depois de publicar o seu primeiro conto - aos 16 anos - não parou mais de escrever tendo criado romances, crônicas, poemas, textos dos mais variados gêneros. Atuou também como tradutor e jornalista.

Era filho de dois ex-escravos alforriados: o pintor de paredes Francisco José de Assis e a lavadeira Maria Leopoldina Machado de Assis. Essa situação marcou toda a sua vida, já que a escravidão só seria abolida no Brasil 49 anos depois do seu nascimento. Ficou órfão quando era muito pequeno e foi criado por sua madrasta, a também mulata Maria Inês, que lhe apresentou e ensinou as primeiras letras.

Machado de Assis enfrentou muitos desafios por ser um mestiço no século XIX, incluindo o acesso limitado à educação formal. Passou pela escola pública, mas sua formação na verdade foi autodidata, já que nunca foi à universidade. Por outro lado, uma grande ambição intelectual o acompanhou por toda a vida. Em um de seus primeiros trabalhos, na padaria de Madame Guillot, aprendeu a ler e a traduzir francês, e quando já estava perto de completar 70 anos quis começar a estudar grego.

Enquanto pode, Machado evitou toda e qualquer tentativa de devassa de sua história familiar, inclusive a humildade de sua filiação, que poderiam, talvez, ter lhe proporcionado as melhores páginas da sua literatura. Não deixa de ser um incômodo, ainda, que Machado tenha escrito tão pouco sobre os negros. 

O seu passado, Machado de Assis matou no esquecimento. Pouco ou nada falou de Maria Leopoldina, sua mãe, nem de Francisco de Assis, seu pai, ou de sua irmã (morta precocemente, aos 4 anos de idade). Afastou-se por completo de Maria Inês da Silva, sua madrasta, que após a morte de Francisco, terminou de criá-lo. Machado se aristocratizou como um intelectual do seu tempo, um homem amargo, desencantado, fatigado, enjoado do seu século. 

 

Referências

 
 
Viviane Morais

Historiadora, graduada pela Universidade Federal do Ceará, doutora e mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Desde 2001 atua em instituições de educação, preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro.

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