O Monumento às Bandeiras é um dos principais monumentos da história oficial da cidade de São Paulo. Um “cartão postal”, ponto de referência geográfico e histórico para moradores e turistas da cidade. Erguido para retratar o movimento bandeirante, a obra acaba estabelecendo um paradoxo com a história do seu próprio povo, já que enaltece um marco de exploração, violência, assassinatos e escravização das populações indígenas e africanas nos séculos XVII e XVIII, durante a expansão dos colonizadores rumo ao interior do continente.

Não se pode deixar de ressaltar que as “Bandeiras”, assim como outros movimentos de exploração e colonização do território brasileiro, não devem ser enquadradas como ação de “descoberta” ou “conquista” destas terras, – visto que o território já tinha ocupantes nativos –. Ou seja, não estava escondido, nem abandonado, necessitando ser conquistado.

O principal objetivo europeu consistia em explorar riquezas naturais e minerais, bem como lucrar com a escravização de povos nativos e africanos trazidos em seus navios.

Indígenas e africanos escravizados foram explorados em sua força física para abertura de matas, limpeza de trilhas, construção de acampamentos, proteção contra animais silvestres. Também, lhes serviam em saber intelectual para a identificação de trajetos adequados, seleção de plantas para alimentos e remédios, assim como na elaboração de instrumentos de caça, luta e todo tipo de informações que salvaram a vida e a excursão destes aclamados “desbravadores” de São Paulo e do futuro Brasil.

No entanto, ao enaltecer apenas o grupo de europeus como “desbravadores”, esse monumento não valoriza a presença e a importância imprescindível de indígenas e africanos para o sucesso das bandeiras no território brasileiro. Ainda que de maneira forçada, sem esses povos os caminhos de exploração e “descobertas” não teriam sido trilhados.

Isso precisa ser contextualizado e ressignificado na leitura dessa obra de arte. Ademais, para a própria confecção do monumento, foi utilizada a mão de obra de trabalhadores nacionais, mestiços descendentes desses primeiros e verdadeiros desbravadores.

História Oficial

O Monumento às Bandeiras está localizado no Parque Ibirapuera, na área da Praça Armando de Salles Oliveira, e representa os bandeirantes que desbravaram o País no período colonial.

Pode-se observar portugueses, negros, mamelucos e índios puxando uma canoa de monções. Encomendada pelo Governo de São Paulo em 1921, a obra do escultor Victor Brecheret só foi inaugurada durante as comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo, em 1953. A escultura é composta por 240 blocos de granito – com cerca de 50 toneladas cada – tem 12 metros de altura, 50 metros de extensão e 15 metros de largura.

Brecheret propôs a construção de um monumento em homenagem às bandeiras, um tema com grande apelo histórico para os paulistas, naqueles anos.

A escolha do tema partiu do escritor Menotti del Picchia, que afirmava: “os paulistas relembrariam os heróis de sua terra nas comemorações do Centenário da Independência.”

Uma maquete foi exposta na Casa Byington, à rua XV de Novembro, mas não conseguiu atrair patrocínio oficial ou particular, apesar da presença do Presidente do Estado, Washington Luís, na cerimônia de abertura.

Uma nova proposta do Monumento às Bandeiras foi apresentada ao Governo do Estado em 1936. O artista compôs um grupo escultórico formando um bloco compacto esculpido em granito. O interventor federal em São Paulo, Armando de Salles Oliveira, decidiu implantá-lo à entrada do Parque Ibirapuera, que ainda estava em projeto.

Com cerca de 11 metros de altura total por 8,40 metros de largura e 43,80 metros de profundidade, a obra está posicionada no eixo sudeste–noroeste, no sentido de entrada das bandeiras sertanistas em busca de terras no interior. Ao redor do pedestal, há várias inscrições no granito. Na face frontal do pedestal, um mapa do Brasil mostra os percursos que os bandeirantes realizaram pelo interior do país, desenhados por Affonso de E. Taunay.

Na face lateral esquerda do pedestal, outra placa em granito polido traz a inscrição:

“Aos Heróis que traçaram
O nosso destino na geografia
Do mundo livre,
Sem eles o Brasil não seria
grande como é.”

Cassiano Ricardo

E na face lateral direita do pedestal, lê-se:

“Brandiram achas e Empurraram quilhas
Vergando a vertical de Tordesilhas.”

Guilherme de Almeida

A quarta figura à direita do monumento, no bloco imediatamente seguinte ao dos cavaleiros, traz a seguinte inscrição no seu ombro direito: “Autorretrato do escultor Victor Brecheret 02-10-1937”.

Tombamento:
Tombado em 1985 pelo CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.

Referências

Monumento às Bandeiras. Governo do Estado de São Paulo. São Paulo. Conheça SP. Disponível em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/monumentos/monumento-pedro-alvares-cabral/ Acesso em: 17/11/2022

Monumento às Bandeiras. Conselho de Defesa do Patrimônio histórico arqueológico artístico e turístico do Estado de São Paulo. São Paulo. Bens Tombados. Disponível em: http://condephaat.sp.gov.br/benstombados/monumento-as-bandeiras/
https://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/monumento-as-bandeiras/ Acesso em: 17/11/2022

Trajeto até o local

Endereço
Praça Armando de Sales Oliveira - Vila Mariana, São Paulo - SP, 04001-070

Mais informações
Parque Ibirapuera