Largo Sete de Setembro (São Paulo - SP)
Até 1865, neste espaço conhecido como Largo Sete de Setembro, havia um pelourinho, onde muitos negros foram amarrados e açoitados publicamente.
De acordo com o Departamento do Patrimônio Histórico da Cidade de São Paulo, o pelourinho foi posto ali, em 1560, por ordem do governador-geral do Brasil, Mem de Sá, mas o historiador e escritor Afonso de Taunay, História da Cidade de São Paulo, diz que, na verdade, ele só foi erguido na praça após o ano de 1586, quando tudo já funcionava em torno do Pátio do Colégio.
A instalação do pelourinho foi uma das intervenções feitas no território para que São Paulo recebesse o título de vila pela administração colonial portuguesa. Outras exigências foram a construção de uma cadeia comum – que funcionou até o século 18 no terreno ocupado, atualmente, pelo Fórum João Mendes – e de uma Câmara Municipal.
A inauguração de vilas pelo território da capitania paulista dependia tanto da concessão de alguns privilégios a determinados moradores locais pelo governador quanto da colocação dos troncos em que os condenados deveriam ser açoitados publicamente. Por isso, em cada nova vila reconhecida por Portugal, como Santos, por exemplo, invariavelmente, havia um pelourinho.
No passado de São Paulo, também teve um pelourinho e uma forca, nos territórios da Sé e Liberdade, onde eram realizados os castigos corporais previstos no “Código Criminal do Império” de 1830, e na famigerada “Lei da Morte” de 1835, transformando a região central da cidade em um território de muitas Lutas e Resistência da Cultura Negra de São Paulo.
Segundo Maria Fernanda Derntl, que estudou a organização territorial da capitania de São Paulo em sua tese de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, as cerimônias de elevação de um local a status de vila incluíam festa de inauguração do pelourinho, grandes fogueiras acesas em praças e eventos para receber autoridades que pareciam paradas militares.
Em Portugal e suas colônias, o pelourinho era utilizado como um dos instrumentos de justiça local, assim como a cadeia e a forca. A regra era que fossem levantados, nas praças centrais das vilas, ao lado do paço municipal, da prisão e da igreja, para a exposição pública dos condenados.
Na São Paulo do começo do século 16, época em que a presença africana ainda era pequena, os açoitados eram, geralmente, indígenas. Porém, quando a escravidão se expandiu pela colônia e chegou à capitania paulista, os escravos africanos passaram a ser os mais castigados.
Ao final da Rua da Glória – que era a principal entrada da vila colonial –, chegava-se ao Largo do Pelourinho, onde eram açoitados negros escravizados até fins do século 19. Em 1916, o Largo foi remodelado e renomeado para Largo Sete de Setembro, invisibilizando os vestígios da triste história da escravidão negra em São Paulo.
Ao lado do Pelourinho, por muitos anos, a importante Igreja dos Remédios abrigou a sede do Movimento Abolicionista Popular dos Caifazes até ser demolida, na década de 1940, para construção do Fórum João Mendes Júnior.
Referência
UFG. São Paulo: Memórias e monumentos negros. São Paulo: Paulo Duarte Feitosa e Rubens Sá, 2022. 275 páginas. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/688/o/Livro_2576729_Arte_e_monumento.pdf#page=10. Acesso em 29/05/2022.
História, Memória e Cultura Negra em São Paulo. In Instituto Bixiga Pesquisa e Formação. 2021. Disponível em: https://institutobixiga.com.br/historia-memoria-e-cultura-negra-em-sao-paulo/
Trajeto até o local
Endereço
Largo Sete de Setembro
São Paulo